domingo, 30 de março de 2008

Tibetanos incendeiam carros em protestos contra China


14-03-2008

09:19:43


Pequim, 14 mar (Lusa) - Centenas de pessoas se reuniram nesta sexta-feira, na capital tibetana, em novas manifestações lideradas por monges budistas contra a administração chinesa no Tibete, queimando carros da polícia, segundo a rádio Free Asia.Uma mulher tibetana, com familiares em Lhasa, capital do Tibete, disse à rádio que “as manifestações já têm centenas de pessoas, incluindo monges e civis”."Os manifestantes queimaram carros da polícia e do exército no centro de Lhasa”, disse a mesma fonte.Estas são as maiores manifestações no Tibete contra o domínio chinês desde 1989. A tensão aumenta na região desde segunda-feira e já levou dois monges a tentar o suicídio e fez as autoridades chinesas cercar e fechar mosteiros.O departamento da região autônoma do Tibete, em Pequim, disse nesta sexta-feira à Agência Lusa que os pedidos de autorização para entrada no Tibete estão suspensos."Não é possível pedir licenças de entrada”, disse um funcionário do departamento, que não se identificou nem soube dizer quando será possível voltar a pedir autorização de viagem para o Tibete, onde o governo chinês só permite a entrada de estrangeiros com vistos de viagem especiais, que são quase sempre recusados aos jornalistas.A rádio Free Asia informou, nesta sexta-feira, que os monges budistas do mosteiro de Sera iniciaram na quinta uma greve de fome dentro do próprio mosteiro e se recusam também a dormir até que as autoridades libertem os monges supostamente presos durante as manifestações desta semana."Há uma atmosfera crescente de medo e tensão em Lhasa no momento", disse à imprensa estrangeira Kate Saunders, porta-voz da organização Campanha Internacional pelo Tibete (CIT), sediada em Londres.“Muitos outros monges estão se ferindo em desespero”, disse uma fonte anônima à Free Asia.De acordo com a CIT, as manifestações já se espalharam também pelos mosteiros de Reting e de Ganden, além de Sera, que são os mais importantes da região, chamados de “três pilares do Tibete”.Milhares de militares e de membros da polícia paramilitar cercaram os três mosteiros, segundo a CIT. Uma agência de viagens de Pequim confirmou nesta sexta-feira à Agência Lusa ter informações de que “os três mosteiros estão fechados a visitas de grupos turísticos”.As manifestações voltam a questionar a forma como a China administra o Tibete, poucos meses antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, que ocorrem entre 8 e 24 de agosto.Os protestos começaram na segunda-feira, dia do aniversário da entrada das tropas chinesas no Tibete, em 1959. Há 49 anos, o exército esmagou uma revolta contra a presença da China na região e, como conseqüência, o Dalai Lama, líder religioso tibetano, partiu para o exílio na Índia.A China insiste que Dalai Lama não é um líder religioso, mas sim um líder político separatista que busca a independência do Tibete.O Dalai Lama, Prêmio Nobel da Paz em 1989 por sua dedicação não-violenta pela causa tibetana, diz ter abandonado as exigências iniciais de independência para o Tibete, defendendo uma “autonomia real e significativa” que preserve a cultura, a língua e o meio ambiente tibetanos.Tentativa de suicídioA situação no Tibete ficou ainda mais tensa após dois monges tentarem o suicídio."Os dois monges, que aparentemente tentaram suicídio, foram identificados [...]. Estão em estado crítico e têm pouca probabilidade de sobreviver”, disse a organização Campanha Internacional pelo Tibete, sediada em Londres, que citava testemunhos divulgados pela rádio Free Asia.De acordo com a rádio financiada pelo governo dos Estados Unidos, os dois monges correm risco de vida depois de terem cortado os pulsos em uma aparente tentativa de suicídio.Segundo a Campanha Internacional pelo Tibete, os monges, que pertencem ao mosteiro de Drepung, foram presos, mas as autoridades chinesas negam essa informação.

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