sexta-feira, 11 de abril de 2008

China não vai liberar visita ao Tibet até o fim da Olimpíada

10/04/2008
12:51

PEQUIM (Reuters) - A China não vai reabrir a região do Tibet aos estrangeiros até o fim da Olimpíada de agosto, abandonando os planos de deixar os turistas voltarem no começo de maio, disse um grupo de defesa dos direitos tibetanos, baseado nos Estados Unidos.

A Administração Nacional do Turismo, assim como o governo tibetano e a autoridade do turismo não comentaram o assunto imediatamente.

A decisão de adiar a reabertura pode indicar que o governo comunista chinês ainda está preocupado com a instabilidade do Tibet e vai continuar assim por alguns meses, depois de uma série de protestos e um motim em Lhasa, no dia 14 de março.

As viagens ao Tibet já são normalmente restritas. Os estrangeiros devem obter licenças especiais e fazer visitas em grupo. Já os repórteres estrangeiros que vivem na China não podem ir à região do Himalaia sem permissão.

Depois da explosão de violência em Lhasa, o governo parou de lançar licenças, alegando preocupações com a segurança. A mídia estatal disse que o Tibet seria aberto novamente aos turistas a partir do dia 1o de maio.

"Mas, de acordo com relatórios confiáveis, parece que a reabertura pode não acontecer até o final da Olimpíada", disse a Campanha Internacional pelo Tibet em um comunicado.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Jiang Yu, disse que o governo da Região Autônoma do Tibet está fazendo o possível para restaurar a normalidade e que as restrições atuais foram "um arranjo especial para um período especial".

Os protestos tibetanos anti-Pequim e a repressão chinesa influenciaram manifestações ao longo da rota do revezamento da tocha Olímpica, em Londres, Paris e São Francisco. A China vai tentar levar a chama ao tipo do monte Everest em maio e também planeja passar com ela por outras partes do Tibet, em junho.

Em 2006, a Região Autônoma do Tibet arrecadou 17,5 milhões de dólares com o turismo, de acordo com a mídia chinesa.

(Reportagem de Guo Shipeng e Sally Huang)

China nega pedido de visita da ONU ao Tibet em abril

10/04/2008
13:11

GENEBRA (Reuters) - A China recusou um pedido de visita de Louise Arbour, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos. Ela queria visitar o Tibet neste mês para avaliar a questão dos protestos anti-China nos quais pelo menos 19 pessoas morreram, disse seu porta-voz nesta quinta-feira.

"As autoridades chinesas responderam... e disseram que não seria conveniente neste momento", disse o porta-voz Rupert Colville à Reuters.

"Entretanto, eles disseram que ela seria bem-vinda mais tarde, em uma data que fosse conveniente para ambos", disse ele. Arbour fez o pedido há duas semanas, diante da instabilidade na região e dos relatos de assassinatos e prisões em massa.

Os protestos de tibetanos e a repressão chinesa no Tibet influenciaram manifestações durante o revezamento da tocha olímpica em Paris, Londres e São Francisco. A Olimpíada de Pequim começa no dia 8 de agosto.

Arbour, ex-promotora de crimes de guerra da ONU e juíza da Suprema Corte canadense, planejava ir ao Tibet no meio de abril, para avaliar a situação depois da série de protestos de monges budistas e das revoltas em Lhasa no dia 14 de maio, disse o porta-voz.

A China diz que 19 pessoas morreram nos protestos, mas assistentes do Dalai Lama, o líder espiritual exilado do Tibet, dizem que foram 140 mortos no Tibet e nas províncias vizinhas com grande número de tibetanos.

Separadamente, seis investigadores de direitos humanos da ONU pediram que a China seja moderada e permita que jornalistas e especialistas independentes tenham acesso ao Tibet e regiões vizinhas atingidas pela violência.

Mais de 570 monges, incluindo algumas crianças, foram presos em março, quando as forças de segurança chinesas fizeram ataques repentinos a monastérios nos municípios de Ngaba e Dzoge, no Tibet, disseram eles em um comunicado conjunto na quinta-feira.

Os investigadores da ONU têm mandato global para averiguar denúncias de tortura, matanças, detenções arbitrárias e questões de minorias, assim como restrições à liberdade de opinião, expressão e religião.

McCain diz que boicotaria cerimônia de abertura da Olimpíada

10/04/2008
16:39

WASHINGTON (Reuters) - O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain, disse nesta quinta-feira que o presidente George W. Bush deveria repensar os planos de comparecer à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, baseado nas concessões que poderiam ser feitas pela China em relação ao Tibet e ao Dalai Lama.

"Acredito que o presidente Bush deveria avaliar sua participação nas cerimônias olímpicas e, baseado nas ações chinesas, decidir se é ou não apropriado comparecer", disse McCain em um comunicado escrito.

McCain deixou claro o que faria se fosse presidente.

"Se as práticas e políticas não mudassem, eu não iria às cerimônias de abertura", disse McCain.

"Não é útil para o governo chinês, nem para o povo chinês, que os Estados Unidos e outras democracias finjam que a supressão de direitos não nos diz respeito."

A China tem sido severamente criticada pelos governos ocidentais por uma repressão sangrenta no Tibet. A China sediará a próxima edição dos Jogos Olímpicos e o presidente norte-americano, até agora, planeja comparecer à cerimônia de abertura em Pequim.

McCain, candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, enfrentará o senador de Illinois, Barack Obama, ou a senadora de Nova York, Hillary Clinton nas eleições presidenciais de novembro.

Tanto Hillary quanto Obama disseram que Bush deveria boicotar a cerimônia de abertura das Olimpíadas se a China não tomar medidas para acabar com o genocídio em Darfur e para melhorar as condições dos direitos humanos no Tibet.

Bush diz que planeja comparecer às cerimônias, mas na quarta-feira, sua porta-voz, Dana Perino, disse a jornalistas que ainda era "muito cedo" para que ela anunciasse a agenda do presidente.

Bush contou à rede católica EWTN que seus planos não haviam mudado e que ele pretendia ir aos Jogos. Ele disse que tem, repetidamente, tratado da questão da liberdade religiosa com líderes chineses.

McCain disse ao programa "The View" da rede televisiva ABC que a China precisa rapidamente de "algum progresso com o Dalai Lama, incluindo diálogos e a cessão desta repressão brutal que estamos vendo no Tibet".

"A menos que eles mudem alguma coisa rapidamente, eu não iria à cerimônia", disse o senador de Arizona. "Não podemos ter uma nação que é uma potência mundial em vários aspectos se comportando assim, de maneira opressora e brutal. Então acho que um recado deve ser mandado aos chineses, e um recado bem forte."

(Reportagem de Steve Holland)