domingo, 30 de março de 2008

China mantém passagem de tocha olímpica pelo Tibet

19/03/2008
11:02

Por Nick Mulvenney e Lindsay Beck
PEQUIM (Reuters) - A China prometeu na quarta-feira que a tocha olímpica passará pelo Tibet, apesar dos distúrbios na região, e alertou contra protestos internacionais pela repressão, que devem marcar os Jogos de Pequim, em agosto.
"A situação no Tibet essencialmente se estabilizou, o revezamento da tocha olímpica vai ocorrer como previsto", disse Jiang Xiaoyu, vice-presidente-executivo do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, em entrevista coletiva.
A repressão no Tibet e em províncias vizinhas, depois de distúrbios que podem ter resultado em dezenas de mortes, levou a apelos de boicote aos Jogos. Deve haver manifestações de apoio ao Tibet na passagem da tocha por 19 cidades de fora da China, em um percurso de 97 mil quilômetros, em abril.
"Somos da opinião de que essas atividades são um desafio à Carta Olímpica, um desafio a todos os que amam o movimento olímpico no mundo", disse Jiang.
"Essas atividades não vão conquistar corações e mentes de pessoas e estão fadadas ao fracasso. A mensagem que estamos tentando transmitir por meio do revezamento da tocha é de paz, amizade e harmonia."
A China mantém na quarta-feira as acusações de que o Dalai Lama, líder espiritual tibetano no exílio, é o mentor das manifestações, o que ele nega.
"O Dalai é um chacal em trajes de monge budista, um espírito mau com um rosto humano, o coração da besta", disse o secretário do Partido Comunista do Tibet, Zhang Qingli, numa teleconferência de autoridades regionais, segundo o serviço China Tibet News.
"Estamos engajados numa dura batalha de sangue e fogo com a camarilha do Dali, uma luta de vida ou morte entre o inimigo e nós", acrescentou.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou que deve receber o Dalai Lama numa visita do religioso à Grã-Bretanha, marcada para maio. A notícia deve irritar Pequim.
De acordo com Brown, o premiê Wen Jiabao lhe disse na quarta-feira estar disposto a conversar com o Dalai Lama sob certas condições.
O Dalai Lama diz defender apenas uma maior autonomia para o Tibet, e não a independência. Seu governo no exílio diz que 99 pessoas morreram na repressão das forças chinesas contra um protesto na sexta-feira em Lhasa, a capital do Tibet. Pequim diz que houve 16 mortos, a maioria "civis inocentes".
A agência oficial China News Service disse que até agora 160 ativistas de Lhasa se entregaram às autoridades, cumprindo prazo dado pelo governo regional, até a noite de segunda-feira.
(Reportagem adicional de Chris Buckley e Benjamin Kang Lim em Pequim, John Ruwitch na província de Sichuan e de Tan Ee Lyn em Hong Kong)

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